Hoje é Dia do Pai. Sim, por muito que possa parecer
estranho, para mim hoje é Dia do Pai.
Quando se tem uma filha, única por sinal, ausente noutra
parte do país e com o mar imenso a separar-nos, o dia da sua chegada é, pois,
Dia do Pai. Além disso, desde o Ano Novo que não nos vemos.
Hoje será também, obviamente, Dia da Filha, como
será também o Dia da Mãe, pelas mesmas razões.
Contam-se os dias, as horas, os minutos, os
segundos, anseia-se a sua chegada.
Será breve a estadia. Coisa de escassos três dias.
Não importa o tempo, por mais fugidio que ele seja, se o reconforto proporcionado
é incomensurável.
Que bom que é ter uma filha.
E hoje, que é Dia do Pai, apetece-me recordar as suas
palavras no Dia do Pai, o dia convencional, aquele em que os menininhos das escolas
fizeram prendas de materiais reciclados ou pintaram t-shirts do “maior pai do mundo”.
Nos seus 23 anos ela já não recicla materiais para prendinhas ao pai. O jornalismo,
o trabalho editorial, a publicidade e tantos etecéteras por onde se vai mexendo
e de que me orgulho, ensinaram-na a burilar, em arabescos de filigrana, palavras
doces que pendura no meu coração.
“A falta de tempo, a falta de oportunidade, a falta de tudo...
Hoje faz dois
anos que me foi atribuída a revista que hoje tenho em mãos. A 19 de Março de
2010 era oficialmente a pequena estagiária que, mostrando o que valia em 5
meses na empresa, estava a agarrar o que seria uma tábua salvadora dos dias de
hoje da empresa onde trabalho.
Lembro-me de
te ligar e dizer: hoje tenho uma prenda especial para ti... Para te dizer que a
tua filha “é oficialmente a editora de alguma coisa e o seu trabalho, a partir
de hoje, será visto por alguém, por pequenos muitos “alguéns”.
Dois anos
depois estou mais velha, mais consciente, mais absorvida por uma energia
negativa que paira num país, numa vida que sinto que não é aquela com que
sonhei.
No entanto,
continuo a ter sonhos... Continuo a ter a enorme capacidade de achar que posso
ainda fazer algo para mudar o mundo, para mudar as pessoas, para provar a mim
mesma que sou capaz de algo mais.
Continuo a
ter a enorme capacidade de superar as saudades... De saber superar a ideia de
que hoje há quem tenha o abraço forte do pai e eu não o tenho, de pensar que um
dia isto tudo vai passar e que estaremos juntos mais do que nunca.
Continuo a
ter a enorme capacidade de ouvir, de escutar aquelas melodias que outros não
admiram, de olhar para a arte dos outros com carinho, de ler as palavras de
outros como fonte de inspiração.
E isso devo-o
a ti...
Poderia
escrever as palavras mais bonitas do mundo, ensaiar o texto perfeito que dissesse
maravilhas do meu pai, mas não é isso que sinto e que me vem a cabeça neste
momento. Sinto que neste dia, como em todos os dias que deito a cabeça na
almofada, estou grata por ser tua filha e por teres-me dado a capacidade de
conseguir tudo o que tenho: educação, amizade, gratidão, foça e acima de tudo
amor.
Obrigada do
fundo do coração por tudo.
Amo-te!
Pimpas!”
Hoje é, para mim, Dia do Pai.
E Dia do Pai é qunado um pai e uma filha quiserem. Não acham?
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